- Deixe Viver as Borboletas pt. 1
Heartache doesn’t last forever. I’ll say I’m fine.. - One Direction |
Convencer a minha mãe
a me levar ao aeroporto foi mais fácil do que eu pensei. Eu não tenho dúvidas
que minha mãe me amava, realmente não. Mas uma pequena desconfiança de que ela
estava tirando um fardo de suas costas, talvez. Mas por outro lado.. Eu conseguia
ver o medo e a insegurança em seu olhar. Eu fiquei um pouco surpresa quando ela
se ofereceu a me ajudar a arrumar o curso em Londres e como uma boa filha eu me
obriguei a não pensar que ela estava apenas querendo se livrar de mim mais
rápido. Apesar de estar ainda bem cedo, o céu estava muito azul, um ótimo dia
de verão. Aliás, há muito tempo é verão no Rio de Janeiro. A uns.. 18 anos
talvez? Os vidros do carro estavam fechados, o que fazia com que ficasse um
pouco escuro já que os vidros eram fumês. Confesso que isso tornava o ambiente
até um pouco agradável, eu mal tinha acordado, então era confortável não ter
aquela claridade toda incomodando a minha vista. Provavelmente eu estaria
sentindo calor se não fosse o jato de ar vindo em minha direção. Algumas vezes
eu agradecia por ter um ar condicionado no carro. Digamos que não é muito fácil
andar debaixo do sol quente por aqui. Devia estar fazendo 36°? 37°, talvez. Em
Londres? 10° talvez 9°. Sinceramente eu não sei o que me deu na cabeça pra
trocar um lugar quente, por um frio. Eu não gosto de chuva, eu não gosto de
frio, e o pior? Eu definitivamente amava a tranqüilidade que o Rio de Janeiro
me oferecia e agora eu teria que enfrentar o enorme trânsito de Londres. Admito
que se não fosse pelo curso oferecido eu jamais deixaria a minha doce cidade. O
meu doce Rio de Janeiro e minha pequena família – Becky e Annie. Peguei meu
IPhone coloquei os fones. Coloquei a música Little Things e simplesmente
coloquei para repetir. Estava me sentindo deprimida, e normalmente era essa a
música que me consolava.
SuaMãe: SeuNome. – Não sei
há quanto tempo ela estava me chamando, mas essa foi a única vez em que eu
tinha ouvido a sua voz. – Sabe.. Você não precisa fazer isso.
Só agora eu tinha me
dado conta de que o carro não estava mais andando. Eu me via agora dentro de um
carro estacionado na frente do aeroporto. Sabe quando você escuta algo que soa
muito irreal, e acaba desconfiando de imediato? Pois é. Minha mãe não se
parecia nem um pouco comigo, sabe? Ela tinha lindos olhos verdes que
expressavam uma alma um tanto infantil, e os meus eram castanhos e sem vida.
Minha mãe tinha cabelos loiros e lisos, enquanto os meus eram apenas castanhos
e ondulados. Minha mãe era dona de uma personalidade forte. Ela não se sentia
muito a vontade expressando seus sentimentos em voz alta, talvez essa seja a
nossa única semelhança, não sei. Eu me senti um pouco desconfortável a deixando
assim.. Pra trás. Eu não queria a abandonar em momento algum, mas ela havia me
obrigado a isso, há três anos. Eu vejo o arrependimento em seus olhos, posso
ver o quão sofrido foi pra ela, da mesma forma que foi pra mim. Talvez, me
encarar, trazia à tona o mesmo pânico que ela sentia anos atrás. Ou me encarar
trazia recordações de meu pai.
Eu: Eu quero ir, mãe.
Vai ser melhor pra gente. – Menti. Eu não queria ir, não queria deixar Annie e
Becky e também sabia que isso não seria melhor de maneira alguma. Minha mãe
estava perdendo a chance de aproveitar o tempo perdido e tentar descobrir o que
anda acontecendo comigo. E quanto a mim? Seria sentenciada a viver debaixo do
frio assustador, o pesadelo para qualquer carioca. Minha mãe me encarou com
aquele famoso olhar maternal. Já contei que eu sou uma péssima mentirosa?
Sempre fui. Minha mãe sempre acabava descobrindo. – Vai dar tudo certo. – menti
de novo.
SuaMãe: SeuNome.. – Eu a vi
abaixar o olhar. Parecia estar tendo dificuldade pra escolher as palavras
certas, ou simplesmente não conseguia pronunciá-las. Em toda minha vida, a
palavra que minha mãe nunca dizia era: Desculpe. Não por ser orgulhosa – ela
era –, mas sim por não ter encontrado a coragem o suficiente.
Eu: Está tudo bem. –
Coloquei minha mão em seu ombro em uma forma de lhe transmitir a confiança que
eu estava sentindo. Quer dizer, ela era a minha mãe. Sempre será e acho que o
mínimo que eu poderia fazer era garantir um bom convívio com ela. Apesar de não
ter esquecido que quando eu mais precisei, ela não esteve ao meu lado, acredito
que ela teria um bom motivo e que ainda não estava pronta para contar. Não insisti.
Sou do tipo de pessoa que não se incomoda muito em esperar algo. Minha mãe
dizia que isso era apenas preguiça de dialogar, concordo em alguns pontos.
SuaMãe: SeuNome.. – Eu a
olhei novamente. – Você precisa mesmo levar esse violão? – Levei a mão até o
peito, óbvio que eu estava fazendo drama, mas bom.. Desde os meus treze anos eu
não largava mais aquele violão. Era como se ele fosse um irmão querido, até
nome eu tinha dado. Teddy.
Eu: Não precisa deixar
o Teddy ofendido.
SuaMãe: Só não lembro mais
como é te ver sem ele do lado.
Eu: Não liga pra ela
Teddy. – falei enquanto acariciava a capa entreaberta. Iria parecer muito
idiota se eu dissesse que deixei um pouco aberto pra ele respirar? É. Pareceu
muito imaturo da minha parte, mas eu não iria me perdoar se matasse o Teddy.
SuaMãe: Pode voltar pra
casa quando quiser, ta bom querida? Eu irei estar aqui. – Eu podia ver em seus
olhos que estava sendo doloroso para ela me deixar ir.
Eu: Vou ficar bem. –
Tentei animá-la, mas eu não sou muito boa nisso. Acho que ela queria ouvir que
eu ainda era a sua menina e que precisava do seu colo. Não posso compreender o
quão doloroso deve ser para uma mãe finalmente deixar que sua filha saia do
‘casulo’. – Eu te amo, mãe. – falei pela primeira vez em três anos e pude ver
seus olhos marejarem.
Ela não respondeu
apenas me deu um abraço apertado. Tive a impressão de que ela não iria me
soltar nunca mais. Eu sai do carro e ela se foi, estaria sozinha a partir de
agora. Dei uma última olhada pro céu, azulado. Iria sentir falta desse calor
intenso. Londres não era nem de perto parecido com a maravilha que o Rio de
Janeiro era. Não posso negar, era linda e ótima para viagens, mas não sei se
seria uma boa moradia. Dei uma última olhada em minha roupa,
estava um pouco preocupada com o frio que eu iria sentir quando pisasse nos
territórios ingleses.
Eu estava me
preparando psicologicamente para a enorme viagem rumo à geladeira. Ri dos meus próprios
pensamentos enquanto fazia o Check-in. Do Rio de Janeiro para São Paulo, meu
vôo demoraria em torno de uma hora à uma hora e meia. De São Paulo para
Seattle, nos Estados Unidos, seria em torno de seis horas. De Seattle para
Nottingham na Inglaterra seria em torno de onze horas e então o resto da viagem
seria de carro, até Londres. Eu estava odiando essa viagem, muita parada, mas
como não fui eu que comprei a passagem, a única coisa que eu tinha que fazer
era aceitar.
Estava indo para o
meu terceiro vôo. Não estava agüentando mais e se eu ficasse sentada mais uma
hora minha bunda iria ficar quadrada para o resto da vida. Estava me sentindo
uma malabarista na situação em que eu me encontrava. Em uma das mãos, Iphone.
Em outra, um papel, indicando qual seria a minha poltrona. No braço esquerdo,
pendurado a minha bolsa, no direito, o meu casaco. Sendo que, na mesma mão onde
se encontrava meu celular, eu estava pressionando contra meu corpo dois pacotes
de batatas que eu havia comprado no aeroporto e uma barra de chocolate, fora
que, nas minhas costas estava o meu violão. Confesso que mais umas três mãos me
viria a calhar agora. Por onde eu passava arrancava risada das pessoas que
olhavam, mas nenhuma se atreveu a me ajudar. Bando de americanos idiotas. 10b,
10c. 11a, 11b, 11c. 12a, 12b, 12c. 14a,14b,14c. 15a, 15b, 15c.
Eu: 15? DROGA, O MEU É
13. – Gritei. Ótimo, havia pulado. Voltei correndo tentando me equilibrar e
voltei a contar, agora mais devagar. 13a. Ótimo lugar, seria na janela, pra me
deixar tonta de tanto olhar pra baixo e não ter onde vomitar, pensei. Havia uma
garota aparentemente da minha idade com fones de ouvido na poltrona do meio e
ninguém na ponta. Ela me olhou e começou a rir, eu também ri, quando me olhei
no reflexo da janela.
xx: Ihateflying.Youtoo?Doyouneedhelp?
– ela falou bem rápida enquanto retirava os fones de ouvido para poder me
ouvir. O que merda aquela garota havia dito? Eu não havia entendi uma única
palavra. Americana, só pode ser. Eu odiava tudo que envolvesse americanos,
desde a rapidez para qual eles falavam, até seu sotaque e até mesmo seus gostos
e costumes estranhos. Eu olhei como ela estava vestida,
me perguntando se havia saído de um concerto de rock ou estava simplesmente
viajando. - I'msorryforclothes.It'snotmine. – Eu ainda não tinha entendido nada
do que ela havia dito. Ela levou a mão até a testa batendo de leve, como se
tivesse lembrando-se de algo. – I’m sorry. I talk fast, sometimes. – Ela disse
e eu dei uma risada nasal. "às vezes"?, pensei. - 'want some help?
Eu: Of course. – Falei
como se fosse óbvio, ou ela queria que eu ficasse ali pra sempre? Ela
simplesmente riu enquanto se levantava e me ajudava pegando os pacotes de
batata e a barra de chocolate.
Finalmente estava
sentada. Tentei me organizar, eu tinha mais tralha do que havia de espaço na
pequena e desconfortável poltrona. Guardei alguns doces dentro da bolsa e
deixei meu violão no chão, aos meus pés – mesmo ouvindo da aeromoça que ele não
poderia estar ali. A menina ao lado parecia dar uma risada baixa a cada vez que
eu quase derrubava alguma coisa ou me atrapalhava para fazer algo. Ótimo, era
só o que me faltava, alguém me tachar como louca antes mesmo que eu chegasse. Tinha
como isso melhorar? Finalmente tinha conseguido me organizar. Peguei meu Iphone
e coloquei os fones, estava procurando o que ouvir.
xx: Então. Eu me chamo
Sophia. – Ela falou quando percebeu que eu não iria perguntar quem ela era. –
Eu sou uma santa, Santa Sophia, faça sua oração. - ela completou ao perceber
que eu não tinha dado atenção. Eu a olhei rindo.
Eu: Pessoas normais não
fazem isso.
Sophia: Pessoas normais não
trazem violão até aqui.
Eu: Pessoas normais se
vestem como pessoas normais.
Sophia: Pessoas normais não
comem como javali.
Eu: Se você não for uma
pessoa normal calada, vai ser uma pessoa anormal com um soco na cara. - eu
falei e ela simplesmente riu.
Sophia: Aqui isso dá
cadeia.
Eu: Aqui e em qualquer
País.
Sophia: Ouvi dizer que na
Tailândia não.
Eu: Vamos até lá, que
eu marco seu rosto.
Sophia: Estou bem aqui.
Eu: Então fique calada
aí.
Sophia: Estou na minha
poltrona, faço o que quero.
Eu: Eu posso te socar
na sua poltrona também.
Sophia: Sou de Seattle.
Estava visitando meus pais. Não pretendo voltar tão cedo. – Eu franzi o cenho.
Ela havia mudado de assunto, e pra um que simplesmente não fazia sentido.
Eu: Se importa se eu
perguntar se você toma algum remédio especial?
Sophia: Me importo.
Eu: Mas eu pergunto
assim mesmo.
Sophia: Me recuso a
responder.
Eu: AEROMOÇA! TO DO
LADO DE UMA MALUCA. SOCOOOOOOOOOOOORRO!
Sophia: É MENTIRA. ELA TOMA
REMÉDIO CONTROLADO, MAS ESQUECEU DE TOMAR.
Eu: ELA CHEIRA A COCÔ
DE GAMBÁAAAAAAAAAAAAAAA.
Sophia: Você já cheirou
cocô de gambá?
Eu: Olha, não muda de
assunto.
Sophia: Você que está
revelando coisas inusitadas.
Eu: SENHORES
PASSAGEIROS, - comecei me ajoelhando na poltrona - GOSTARIA DE INFORMAR A
TODOS, QUE ESTOU CARREGANDO UMA BOMBA DE FEDOR COMIGO.
XX: AAHHHHHHHHHH! - uma
senhora havia gritado, e eu já estava aos choros. Rindo, é claro.
Sophia: Ô MENINA, SENTA O
CÚ AQUI. - ela falou me puxando quando a aeromoça caminhava em nossa direção
com uma cara de surucucu morta.
Aeromoça: Mantenha o
silêncio, por favor. Estão assustando os demais passageiros. - ela falou bem
formal.
Sophia: Desculpe, prometo
fazer meu cão se comportar. - Sophia falou, e eu comecei a latir.
Aeromoça: Poderiam me
acompanhar? - ela falou, e lá estávamos nós, a seguindo.
Eu: Se forem me
castrar, eu fujo pro Canadá.
Sophia: O canadá é mais
longe daqui do que o destino desse vôo. - Sophia estragou meus sonhos.
Aeromoça: Podem ficar aqui.
Se precisarem de ajuda, tem médicos ali. - ela apontou para o lado e a Sophia
fez uma careta que me fez rir escandalosamente.
Eu: Ela está te
chamando de maluca, Sophia.
Sophia: Você quem estava
latindo.
Eu: Eu estava apenas te
cumprimentando. - foi então que eu tomei o primeiro soco da menina chamada Sophia.
Sophia: Onde estamos?
Eu: No avião.
Sophia: Deixa eu repetir.
Em que parte do avião?
Eu: Dentro.
Sophia: Dentro de onde no
avião?
Eu: Ok, eu não sei.
Sophia: Sala vip. Somos
vips?
Eu: Ou somos as malucas
que causaram problemas.
Sophia: Vou acreditar na
primeira hipótese. - ela falou.
Eu: SeuNome. - Percebi
que ela havia se calado.
Sophia: SeuNome o que?
Eu: É meu nome, mula.
Sophia: Nome meio confuso.
Eu: Sua cabeça que é
confusa.
Sophia: A sua também vai
ficar, se continuar.
Eu: Então você é da
Inglaterra? – Afinal, ela poderia estar apenas no seu primeiro vôo.
Sophia: Não. Sou de
Seattle. – Ela falou rindo. Claro, ela foi visitar os pais, nada mais lógico
que ela fosse americana. Também dei uma risada baixa. – Fui pra Londres em
busca de emprego. Lá é realmente ótimo pra isso.
Eu: Londres, é?
Sophia: É pra onde você
está indo?
Eu: Pois é. – Falei não
muito animada, afinal já estava com saudade do calor e da Annie se agarrando em
minhas pernas.
Sophia: E porque raios você
pegou esse vôo pra Nottingham em vez de pegar o direto?
Eu: Olha quem fala.
Você está no mesmo vôo que eu.
Sophia: Claro, ele é mais
barato. – Ela começou a rir. – E eu preciso ver uma amiga lá.
Eu: Foi minha mãe quem
comprou as passagens da viagem, a pior da minha vida. Esse é o meu terceiro
vôo.
Sophia: TERCEIRO? Eu já
estaria gritando socorro pelos vidros agoniada.
Eu: Eu estou à prestes
de fazer isso.
Sophia: Ainda não estou
pronta para pagar vexame. – eu comecei a rir. Desde a época da minha tataravó
que ninguém fala 'pagar vexame'. – Tá rindo de quê, estranha?
Eu: Nada, é que ninguém
fala mais assim. Estranho.
Sophia: Deixa de palhaçada,
isso é completamente normal.
Eu: Pra você, ué.
Sophia: Sem zoação com
minhas manias. – confirmei com a cabeça. – Da onde você é?
Eu: Brasil.
Sophia: BRASIL? AH. QUE
LINDO. É SÉRIO?
Eu: É. É SÉRIO. – Eu
gritei de volta e tive a impressão de que os médicos estavam me olhando. Aliás,
porque raios tinham médicos naquele avião? Começamos a rir e eu comecei a tirar
algumas coisas da minha bolsa. Dois sacos de batata, uma barra de chocolate,
uma maça, um pedaço de torta e uns alcaçuz.
Sophia: É muita comida.
Eu: Estou com fome. Mas
você quer um pouco? Pode pegar ai.
Sophia: Então. Como é lá?
Eu: Lá onde? –
perguntei enquanto comia algumas batatas.
Sophia: No Brasil.
Eu: Ah claro.
Sophia: Você era de onde?
Eu: Brasil? – eu
comecei a rir, mas tive a impressão de que não tinha entendido a pergunta, já
que ela me olhava séria.
Sophia: Isso eu sei.
Eu: Então porque tornou
a perguntar?
Sophia: Eu queria saber da
onde no Brasil.
Eu: Ah. Claro. Rio de
Janeiro. Um dos estados mais quentes, se quer saber.
Sophia: Vai sentir bastante
quando chegar a Londres.
Eu: Estou começando a
me arrepender de ter aceitado esse curso.
Sophia: Qual curso?
Eu: Fotografia.
Sophia: Nossa. Que lindo.
Sempre quis ser fotógrafa, mas eu acho que não tenho aquela coisa. – eu
simplesmente comecei a rir e ela estranhou. – Certo. Rindo de quê agora?
Eu: É que isso fica tão
vago.
Sophia: Idiota.
Eu: Você tem cara de
directioner.
Sophia: SÉRIO? EU AMO ELES!
Eu: Ok, escandalosa. –
comecei a rir. – Eu também gosto. Amo os meninos.
Sophia: Só não roube o meu
marido.
Eu: Quem?
Sophia: Zayn, ué. – eu dei
uma risada abafada, e levei a mão até a boca. – O que foi agora?
Eu: E quando ele vai saber
que é seu marido?
Sophia: Vai pro inferno,
SeuNome.
Eu: Com muito prazer. –
Ela riu e me empurrou. – É tão quentinho, ta ótimo pra mim.
Sophia: Você não é tão
bronzeada como eu pensei que os brasileiros fossem.
Eu: Já começou o
Bullying. – falei rindo.
Sophia: Me desculpa.
Eu: Certo. Você deve
saber que a única cor que eu ganho quando vou a praia é a sexy cor de um
camarão. – ela começou a rir – Não ria, é sério.
Sophia: Tudo bem. Vou tentar me lembrar. – Eu dei uma risada rápida e baixa antes de
voltar minha atenção para o pedaço de torta.
O vôo foi muito mais
agradável do que eu pensei que seria. Reparti algumas coisas com a Sophy – viu
só? Já estou chamando ela assim. – que parecia morta de fome, só deixou a salvo
a minha barra de chocolate, expliquei pra ela que eu não gostava de dividir
chocolate. Conversamos sobre diversas coisas, era como se nós sempre fossemos
amigas, simples assim. Tínhamos manias e gostos bem parecidos, apesar de sermos
de lugares completamente diferentes. Ela me contou que a vida dela não era
muito fácil, que desde criança sofria abusos do seu pai, que a maltratava, por
isso ela havia se mudado. Me contou também que uma vez, seu pai a derrubou da
escada, e ela precisou ir pro hospital com um braço quebrado. Aos poucos fui a
conhecendo mais, afinal, seriam em torno de seis horas juntas. Conversamos
muito, mas no final o assunto que mais predominava era em relação à One
Direction. Contávamos o quanto sonhávamos em conhecê-los, e ela disse que uma
vez chegou a ver uma multidão gritar por eles, mas não conseguiu chegar a
tempo.
Sophia: Não acredito que
você viajou com esse violão ai.
Eu: Teddy não fica
sozinho muito tempo.
Sophia: Teddy?
Eu: Meu violão.
Sophia: Você deu um nome
pro seu violão?
Eu: Qual o problema?
Ele precisa de uma identidade própria.
Sophia: E você de ajuda
psicológica.
Eu: Não escute ela,
Teddy. - Ela apenas riu e se calou.
Sophia: Você também parece
ter problemas familiares. – ela falou quebrando o gelo e eu apenas sorri –
acertei?
Eu: Pois é.
Sophia: Seu olhar emite
sofrimento e insegurança, sabia disso?
Eu: É o que eu sinto no
momento. – falei lembrando da SMS que havia recebido pela noite.
Sophia: E porque se sente
insegura?
Eu: Tive problemas com
a minha mãe. Problema com amigos. Problemas com a minha vida. – não era bem uma
mentira.
Sophia: É por isso que se
corta?
Eu: O quê? – olhei para
as mãos e meus pulsos estavam à amostra, dava para ver marcas que saravam, mas
ainda pareciam recentes, eu havia tirado o casaco. Rapidamente o vesti.
Sophia: Existem outras
formas de aliviar.
Eu: Não fale como se
soubesse pelo que eu passei.
Sophia: Tudo bem. – ela
retirou as pulseiras e me mostrou as marcas de cortes, minha boca se abriu em
um perfeito “O” – Eu entendo. Sei o prazer que isso passa. Mas eu fui parar no
hospital uma vez. Um psicólogo me aconselhou uma coisa que funcionou.
Eu:O que?
Sophia: Tem uma caneta aí?
– eu a entreguei e ela pegou da minha mão. – Licença. – ela falou enquanto
desenhava nos meus pulsos com certa paciência, acho que ela tinha medo de me
machucar.
Eu: O que está fazendo?
Sophia: Espera. – ela falou
enquanto terminava o segundo e então eu vi.
Eu: Borboletas?
Sophia: Sim.
Eu: Não entendi.
Sophia: Quando você sentir
vontade de se cortar de novo, você vai pegar esta caneta, - ela me devolveu a
caneta – e vai desenhar uma borboleta onde queria se cortar. Eu desenhei a sua
pra lhe desejar boa sorte.
Eu: Ainda não entendi.
Sophia: Calma. Se você se
cortar antes da borboleta ter ido embora, quer dizer que você a matou. – eu
engoli em seco – Se ela for embora sozinha, quer dizer que ela viveu.
Eu: E se eu matar
alguma?
Sophia: Qualquer outro
ferimento irá matar as demais. – Fiquei um bom tempo encarando as borboletas,
até que Sophy resolveu quebrar o gelo. – Londres é fantástica.
Eu: Há quanto tempo
mora em Londres? – meu tom de voz era baixo.
Sophia: Acho que há uns
dois anos.
Eu: Acho que to ficando
com fome.
Sophia: Cruzes, você comeu
mais do que devia, como pode ainda sentir fome?
Eu: Eu? Você devorou
quase tudo.
Sophia: Você comeu sozinha
um saco de batatas e uma torta.
Eu: Mas é pouco.
Sophia: Impossível..
Eu: NÃO É!
Sophia: Você é muito
escandalosa.
Eu: Já me falaram isso.
– falei rindo.
Sophia: Uma escandalosa e
com um violão dentro de um avião, isso realmente chama atenção.
Eu: Onde você trabalha?
– perguntei mudando o assunto.
Sophia: Grilled Chicken.
(Eu inventei -k)
Eu: Parece bom.
Sophia: A comida é
fantástica, mas eu sou apenas a garçonete.
Eu: Ué, o que tem
demais nisso? Fui garçonete em uma sorveteria enorme, há alguns anos.
Sophia: Sério?
Eu: Pode apostar.
Sophia: E tipo.. Você não
derrubava a bandeja?
Eu: Você não estava lá
pra mim te acertar. – ela apenas riu.
Sophia: Como se você
pudesse fazer isso.
Eu: Calada menina
gambá.
Sophia: Quer parar? – ela
falou rindo.
Eu: Tudo bem, parei. –
falei enquanto olhava o meu reflexo na janela do avião.
Sophia: O que você ta
olhando? – ela perguntou colocando a cabeça pro lado, na intenção de ver algo.
Eu: Nada, ué. – Estava
refletindo. Eu estava com uma aparência tão abatida. Tão.. Sofrida. Acho que
foi a primeira vez que eu senti pena de mim mesma.
Sophia: Olha, porque não se
casa com seu reflexo?
Eu: Casaria, se fosse
legalmente possível. – Ela fez uma careta e eu comecei a rir.
Sophia: Você é estranha.
Eu: Ainda não me viu
conversando com batatas.
Sophia: Me poupe desse trauma. – eu a empurrei e nós rimos.
Muito DIVA sua fic,bjs.
ResponderExcluirPosta maiss!! posta hoje por favor!!
ResponderExcluirVocê é uma escritora incrivel
ResponderExcluirCoontinua estou muito curiosa
BJSS
Estou seem palavras Voc ée uma escritora incrivelmente incrivel, Sua Fic ta Super Hiper Mega Ultra Blaster D+++ Keroo Maiss!!!
ResponderExcluirBjokaass *=)
flor, tem como vc identificar quem ta falando?? é q eu fiquei um pouco confusa!!!
ResponderExcluirmas a sua fic ta perfeita, continuuuaaa!!! malikisses and horanhugs
Vou ver o que posso fazer. Obg.
ExcluirMaanu, minha mãe ta achando que eu sou louca de ficar soltando gargalhadas em frente ao pc. EU RI MUUUUITO COM ESSE CAPITULO. E ta perfeito <3
ResponderExcluircontinuaa,tá mto legal,mas eu concordo com o Anonimo ai,tem como identificar quem fala?Obrigadaa! :3
ResponderExcluirProntinho. Espero que agora fique melhor. Obg. *-*
Excluirperfeito, ri muito com esse cap
ResponderExcluirposta logo a parte 2 tá???
VC É UMA ESCRITORA FANTÁSTICA!!
Malikisses
Oie, esta perfeito, eu meio que me indentifico muito com a personagem, no fato dos cortes, problemas com a minha mae, e na personalidade; voltando a fic, esta otima, vc escreve perfeitamente bem. Poste logo, to muito ansiosa
ResponderExcluirestou AMANDO kk vc escreve mt bem <33
ResponderExcluirUuou, vc tem futuro com palavras! Congrats, soo perfect!
ResponderExcluirTa liamdo d+!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Please continua logo!!!!!!! :))
ResponderExcluirquem é o boy da fic?
ResponderExcluirnath e o Zayn
Excluircara eu to amando!!!parabéns você tem talento! rs
ResponderExcluirTô amando demaiiiiis vei, posta logo! Acho que vai dar briga entre a Sophia e a SeuNome por causa do Zayn né?
ResponderExcluirameiiii!!!Como vc adivinhouq eu soo maluquinha desse jeito(to falando serio um dia desses eu tava comendo uva no mercado e eu não tinha comprado a uva)rsrs adoreiii ter uma super nova amiga na fictin continuaaaa
ResponderExcluirby:Duda
Hahahahahaha, achieve que toda adolescents é um pouco estranha, e isso é normal eu acho, bom eu to amando... Ta ficando muito bom :))
ResponderExcluiré super O QUEEE? sorry i don't uandarstendio ( ó meu ingres kkkkkk) tbm faço fics (imagines)mas n tenho blog pra posta eu sei que se fala ingles era só pra zoa kkkkkk i'm CRAZY, SÓ FALEI MERDA AKI
ResponderExcluirposta pf é muito 10
ResponderExcluirmuito legal posta rapidinho okay
ResponderExcluires aorando tdinhuu mesmo!!!
ResponderExcluirMalikisses!
PERFEITOOOOOO AMEIII ri mtoooo com o dialogo das duas kkkkkkk mais ameiii tudo vc é perfeita OTIMA escritora ::)) thatty xx
ResponderExcluirmuito emocionante sua fic adorei legal demais
ResponderExcluirAmeii muito legal, ri muito com o dialogo da Seu Nome e da Sophi eu também converso com batatas e nunca paro de comer comidas variadas
ResponderExcluirameeeei fic perfeita só nao entendi uma coisa o zayn vai ficar com a s/n ou com a sophia???
ResponderExcluir