+ I'm Here For You - Capitulo 3 pt. 1

- Deixe Viver as Borboletas pt. 1
Heartache doesn’t last forever. I’ll say I’m fine.. - One Direction
Convencer a minha mãe a me levar ao aeroporto foi mais fácil do que eu pensei. Eu não tenho dúvidas que minha mãe me amava, realmente não. Mas uma pequena desconfiança de que ela estava tirando um fardo de suas costas, talvez. Mas por outro lado.. Eu conseguia ver o medo e a insegurança em seu olhar. Eu fiquei um pouco surpresa quando ela se ofereceu a me ajudar a arrumar o curso em Londres e como uma boa filha eu me obriguei a não pensar que ela estava apenas querendo se livrar de mim mais rápido. Apesar de estar ainda bem cedo, o céu estava muito azul, um ótimo dia de verão. Aliás, há muito tempo é verão no Rio de Janeiro. A uns.. 18 anos talvez? Os vidros do carro estavam fechados, o que fazia com que ficasse um pouco escuro já que os vidros eram fumês. Confesso que isso tornava o ambiente até um pouco agradável, eu mal tinha acordado, então era confortável não ter aquela claridade toda incomodando a minha vista. Provavelmente eu estaria sentindo calor se não fosse o jato de ar vindo em minha direção. Algumas vezes eu agradecia por ter um ar condicionado no carro. Digamos que não é muito fácil andar debaixo do sol quente por aqui. Devia estar fazendo 36°? 37°, talvez. Em Londres? 10° talvez 9°. Sinceramente eu não sei o que me deu na cabeça pra trocar um lugar quente, por um frio. Eu não gosto de chuva, eu não gosto de frio, e o pior? Eu definitivamente amava a tranqüilidade que o Rio de Janeiro me oferecia e agora eu teria que enfrentar o enorme trânsito de Londres. Admito que se não fosse pelo curso oferecido eu jamais deixaria a minha doce cidade. O meu doce Rio de Janeiro e minha pequena família – Becky e Annie. Peguei meu IPhone coloquei os fones. Coloquei a música Little Things e simplesmente coloquei para repetir. Estava me sentindo deprimida, e normalmente era essa a música que me consolava.
SuaMãe: SeuNome. – Não sei há quanto tempo ela estava me chamando, mas essa foi a única vez em que eu tinha ouvido a sua voz. – Sabe.. Você não precisa fazer isso.

Só agora eu tinha me dado conta de que o carro não estava mais andando. Eu me via agora dentro de um carro estacionado na frente do aeroporto. Sabe quando você escuta algo que soa muito irreal, e acaba desconfiando de imediato? Pois é. Minha mãe não se parecia nem um pouco comigo, sabe? Ela tinha lindos olhos verdes que expressavam uma alma um tanto infantil, e os meus eram castanhos e sem vida. Minha mãe tinha cabelos loiros e lisos, enquanto os meus eram apenas castanhos e ondulados. Minha mãe era dona de uma personalidade forte. Ela não se sentia muito a vontade expressando seus sentimentos em voz alta, talvez essa seja a nossa única semelhança, não sei. Eu me senti um pouco desconfortável a deixando assim.. Pra trás. Eu não queria a abandonar em momento algum, mas ela havia me obrigado a isso, há três anos. Eu vejo o arrependimento em seus olhos, posso ver o quão sofrido foi pra ela, da mesma forma que foi pra mim. Talvez, me encarar, trazia à tona o mesmo pânico que ela sentia anos atrás. Ou me encarar trazia recordações de meu pai.

Eu: Eu quero ir, mãe. Vai ser melhor pra gente. – Menti. Eu não queria ir, não queria deixar Annie e Becky e também sabia que isso não seria melhor de maneira alguma. Minha mãe estava perdendo a chance de aproveitar o tempo perdido e tentar descobrir o que anda acontecendo comigo. E quanto a mim? Seria sentenciada a viver debaixo do frio assustador, o pesadelo para qualquer carioca. Minha mãe me encarou com aquele famoso olhar maternal. Já contei que eu sou uma péssima mentirosa? Sempre fui. Minha mãe sempre acabava descobrindo. – Vai dar tudo certo. – menti de novo.

SuaMãe: SeuNome.. – Eu a vi abaixar o olhar. Parecia estar tendo dificuldade pra escolher as palavras certas, ou simplesmente não conseguia pronunciá-las. Em toda minha vida, a palavra que minha mãe nunca dizia era: Desculpe. Não por ser orgulhosa – ela era –, mas sim por não ter encontrado a coragem o suficiente.

Eu: Está tudo bem. – Coloquei minha mão em seu ombro em uma forma de lhe transmitir a confiança que eu estava sentindo. Quer dizer, ela era a minha mãe. Sempre será e acho que o mínimo que eu poderia fazer era garantir um bom convívio com ela. Apesar de não ter esquecido que quando eu mais precisei, ela não esteve ao meu lado, acredito que ela teria um bom motivo e que ainda não estava pronta para contar. Não insisti. Sou do tipo de pessoa que não se incomoda muito em esperar algo. Minha mãe dizia que isso era apenas preguiça de dialogar, concordo em alguns pontos.

SuaMãe: SeuNome.. – Eu a olhei novamente. – Você precisa mesmo levar esse violão? – Levei a mão até o peito, óbvio que eu estava fazendo drama, mas bom.. Desde os meus treze anos eu não largava mais aquele violão. Era como se ele fosse um irmão querido, até nome eu tinha dado. Teddy.

Eu: Não precisa deixar o Teddy ofendido.
SuaMãe: Só não lembro mais como é te ver sem ele do lado.

Eu: Não liga pra ela Teddy. – falei enquanto acariciava a capa entreaberta. Iria parecer muito idiota se eu dissesse que deixei um pouco aberto pra ele respirar? É. Pareceu muito imaturo da minha parte, mas eu não iria me perdoar se matasse o Teddy.

SuaMãe: Pode voltar pra casa quando quiser, ta bom querida? Eu irei estar aqui. – Eu podia ver em seus olhos que estava sendo doloroso para ela me deixar ir.

Eu: Vou ficar bem. – Tentei animá-la, mas eu não sou muito boa nisso. Acho que ela queria ouvir que eu ainda era a sua menina e que precisava do seu colo. Não posso compreender o quão doloroso deve ser para uma mãe finalmente deixar que sua filha saia do ‘casulo’. – Eu te amo, mãe. – falei pela primeira vez em três anos e pude ver seus olhos marejarem.

Ela não respondeu apenas me deu um abraço apertado. Tive a impressão de que ela não iria me soltar nunca mais. Eu sai do carro e ela se foi, estaria sozinha a partir de agora. Dei uma última olhada pro céu, azulado. Iria sentir falta desse calor intenso. Londres não era nem de perto parecido com a maravilha que o Rio de Janeiro era. Não posso negar, era linda e ótima para viagens, mas não sei se seria uma boa moradia. Dei uma última olhada em minha roupa, estava um pouco preocupada com o frio que eu iria sentir quando pisasse nos territórios ingleses. 

Eu estava me preparando psicologicamente para a enorme viagem rumo à geladeira. Ri dos meus próprios pensamentos enquanto fazia o Check-in. Do Rio de Janeiro para São Paulo, meu vôo demoraria em torno de uma hora à uma hora e meia. De São Paulo para Seattle, nos Estados Unidos, seria em torno de seis horas. De Seattle para Nottingham na Inglaterra seria em torno de onze horas e então o resto da viagem seria de carro, até Londres. Eu estava odiando essa viagem, muita parada, mas como não fui eu que comprei a passagem, a única coisa que eu tinha que fazer era aceitar.

Estava indo para o meu terceiro vôo. Não estava agüentando mais e se eu ficasse sentada mais uma hora minha bunda iria ficar quadrada para o resto da vida. Estava me sentindo uma malabarista na situação em que eu me encontrava. Em uma das mãos, Iphone. Em outra, um papel, indicando qual seria a minha poltrona. No braço esquerdo, pendurado a minha bolsa, no direito, o meu casaco. Sendo que, na mesma mão onde se encontrava meu celular, eu estava pressionando contra meu corpo dois pacotes de batatas que eu havia comprado no aeroporto e uma barra de chocolate, fora que, nas minhas costas estava o meu violão. Confesso que mais umas três mãos me viria a calhar agora. Por onde eu passava arrancava risada das pessoas que olhavam, mas nenhuma se atreveu a me ajudar. Bando de americanos idiotas. 10b, 10c. 11a, 11b, 11c. 12a, 12b, 12c. 14a,14b,14c. 15a, 15b, 15c.

Eu: 15? DROGA, O MEU É 13. – Gritei. Ótimo, havia pulado. Voltei correndo tentando me equilibrar e voltei a contar, agora mais devagar. 13a. Ótimo lugar, seria na janela, pra me deixar tonta de tanto olhar pra baixo e não ter onde vomitar, pensei. Havia uma garota aparentemente da minha idade com fones de ouvido na poltrona do meio e ninguém na ponta. Ela me olhou e começou a rir, eu também ri, quando me olhei no reflexo da janela.

xx: Ihateflying.Youtoo?Doyouneedhelp? – ela falou bem rápida enquanto retirava os fones de ouvido para poder me ouvir. O que merda aquela garota havia dito? Eu não havia entendi uma única palavra. Americana, só pode ser. Eu odiava tudo que envolvesse americanos, desde a rapidez para qual eles falavam, até seu sotaque e até mesmo seus gostos e costumes estranhos. Eu olhei como ela estava vestida, me perguntando se havia saído de um concerto de rock ou estava simplesmente viajando. - I'msorryforclothes.It'snotmine. – Eu ainda não tinha entendido nada do que ela havia dito. Ela levou a mão até a testa batendo de leve, como se tivesse lembrando-se de algo. – I’m sorry. I talk fast, sometimes. – Ela disse e eu dei uma risada nasal. "às vezes"?, pensei. -  'want some help? 

Eu: Of course. – Falei como se fosse óbvio, ou ela queria que eu ficasse ali pra sempre? Ela simplesmente riu enquanto se levantava e me ajudava pegando os pacotes de batata e a barra de chocolate.

Finalmente estava sentada. Tentei me organizar, eu tinha mais tralha do que havia de espaço na pequena e desconfortável poltrona. Guardei alguns doces dentro da bolsa e deixei meu violão no chão, aos meus pés – mesmo ouvindo da aeromoça que ele não poderia estar ali. A menina ao lado parecia dar uma risada baixa a cada vez que eu quase derrubava alguma coisa ou me atrapalhava para fazer algo. Ótimo, era só o que me faltava, alguém me tachar como louca antes mesmo que eu chegasse. Tinha como isso melhorar? Finalmente tinha conseguido me organizar. Peguei meu Iphone e coloquei os fones, estava procurando o que ouvir.
xx: Então. Eu me chamo Sophia. – Ela falou quando percebeu que eu não iria perguntar quem ela era. – Eu sou uma santa, Santa Sophia, faça sua oração. - ela completou ao perceber que eu não tinha dado atenção. Eu a olhei rindo.
Eu: Pessoas normais não fazem isso.
Sophia: Pessoas normais não trazem violão até aqui.
Eu: Pessoas normais se vestem como pessoas normais.
Sophia: Pessoas normais não comem como javali.
Eu: Se você não for uma pessoa normal calada, vai ser uma pessoa anormal com um soco na cara. - eu falei e ela simplesmente riu.
Sophia: Aqui isso dá cadeia.
Eu: Aqui e em qualquer País.
Sophia: Ouvi dizer que na Tailândia não.
Eu: Vamos até lá, que eu marco seu rosto.
Sophia: Estou bem aqui.
Eu: Então fique calada aí.
Sophia: Estou na minha poltrona, faço o que quero.
Eu: Eu posso te socar na sua poltrona também.
Sophia: Sou de Seattle. Estava visitando meus pais. Não pretendo voltar tão cedo. – Eu franzi o cenho. Ela havia mudado de assunto, e pra um que simplesmente não fazia sentido.
Eu: Se importa se eu perguntar se você toma algum remédio especial?
Sophia: Me importo.
Eu: Mas eu pergunto assim mesmo.
Sophia: Me recuso a responder.
Eu: AEROMOÇA! TO DO LADO DE UMA MALUCA. SOCOOOOOOOOOOOORRO!
Sophia: É MENTIRA. ELA TOMA REMÉDIO CONTROLADO, MAS ESQUECEU DE TOMAR.
Eu: ELA CHEIRA A COCÔ DE GAMBÁAAAAAAAAAAAAAAA.
Sophia: Você já cheirou cocô de gambá?
Eu: Olha, não muda de assunto.
Sophia: Você que está revelando coisas inusitadas.
Eu: SENHORES PASSAGEIROS, - comecei me ajoelhando na poltrona - GOSTARIA DE INFORMAR A TODOS, QUE ESTOU CARREGANDO UMA BOMBA DE FEDOR COMIGO.
XX: AAHHHHHHHHHH! - uma senhora havia gritado, e eu já estava aos choros. Rindo, é claro.
Sophia: Ô MENINA, SENTA O CÚ AQUI. - ela falou me puxando quando a aeromoça caminhava em nossa direção com uma cara de surucucu morta.
Aeromoça: Mantenha o silêncio, por favor. Estão assustando os demais passageiros. - ela falou bem formal.
Sophia: Desculpe, prometo fazer meu cão se comportar. - Sophia falou, e eu comecei a latir.
Aeromoça: Poderiam me acompanhar? - ela falou, e lá estávamos nós, a seguindo.
Eu: Se forem me castrar, eu fujo pro Canadá.
Sophia: O canadá é mais longe daqui do que o destino desse vôo. - Sophia estragou meus sonhos.
Aeromoça: Podem ficar aqui. Se precisarem de ajuda, tem médicos ali. - ela apontou para o lado e a Sophia fez uma careta que me fez rir escandalosamente.
Eu: Ela está te chamando de maluca, Sophia.
Sophia: Você quem estava latindo.
Eu: Eu estava apenas te cumprimentando. - foi então que eu tomei o primeiro soco da menina chamada Sophia.
Sophia: Onde estamos?
Eu: No avião.
Sophia: Deixa eu repetir. Em que parte do avião?
Eu: Dentro.
Sophia: Dentro de onde no avião?
Eu: Ok, eu não sei.
Sophia: Sala vip. Somos vips?
Eu: Ou somos as malucas que causaram problemas.
Sophia: Vou acreditar na primeira hipótese. - ela falou.
Eu: SeuNome. - Percebi que ela havia se calado.
Sophia: SeuNome o que?
Eu: É meu nome, mula.
Sophia: Nome meio confuso.
Eu: Sua cabeça que é confusa.
Sophia: A sua também vai ficar, se continuar.
Eu: Então você é da Inglaterra? – Afinal, ela poderia estar apenas no seu primeiro vôo.
Sophia: Não. Sou de Seattle. – Ela falou rindo. Claro, ela foi visitar os pais, nada mais lógico que ela fosse americana. Também dei uma risada baixa. – Fui pra Londres em busca de emprego. Lá é realmente ótimo pra isso.
Eu: Londres, é?
Sophia: É pra onde você está indo?
Eu: Pois é. – Falei não muito animada, afinal já estava com saudade do calor e da Annie se agarrando em minhas pernas.
Sophia: E porque raios você pegou esse vôo pra Nottingham em vez de pegar o direto?
Eu: Olha quem fala. Você está no mesmo vôo que eu.
Sophia: Claro, ele é mais barato. – Ela começou a rir. – E eu preciso ver uma amiga lá.
Eu: Foi minha mãe quem comprou as passagens da viagem, a pior da minha vida. Esse é o meu terceiro vôo.
Sophia: TERCEIRO? Eu já estaria gritando socorro pelos vidros agoniada.
Eu: Eu estou à prestes de fazer isso.
Sophia: Ainda não estou pronta para pagar vexame. – eu comecei a rir. Desde a época da minha tataravó que ninguém fala 'pagar vexame'. – Tá rindo de quê, estranha?
Eu: Nada, é que ninguém fala mais assim. Estranho.
Sophia: Deixa de palhaçada, isso é completamente normal.
Eu: Pra você, ué.
Sophia: Sem zoação com minhas manias. – confirmei com a cabeça. – Da onde você é?
Eu: Brasil.
Sophia: BRASIL? AH. QUE LINDO. É SÉRIO?
Eu: É. É SÉRIO. – Eu gritei de volta e tive a impressão de que os médicos estavam me olhando. Aliás, porque raios tinham médicos naquele avião? Começamos a rir e eu comecei a tirar algumas coisas da minha bolsa. Dois sacos de batata, uma barra de chocolate, uma maça, um pedaço de torta e uns alcaçuz.
Sophia: É muita comida.
Eu: Estou com fome. Mas você quer um pouco? Pode pegar ai.
Sophia: Então. Como é lá?
Eu: Lá onde? – perguntei enquanto comia algumas batatas.
Sophia: No Brasil.
Eu: Ah claro.
Sophia: Você era de onde?
Eu: Brasil? – eu comecei a rir, mas tive a impressão de que não tinha entendido a pergunta, já que ela me olhava séria.
Sophia: Isso eu sei.
Eu: Então porque tornou a perguntar?
Sophia: Eu queria saber da onde no Brasil.
Eu: Ah. Claro. Rio de Janeiro. Um dos estados mais quentes, se quer saber.
Sophia: Vai sentir bastante quando chegar a Londres.
Eu: Estou começando a me arrepender de ter aceitado esse curso.
Sophia: Qual curso?
Eu: Fotografia.
Sophia: Nossa. Que lindo. Sempre quis ser fotógrafa, mas eu acho que não tenho aquela coisa. – eu simplesmente comecei a rir e ela estranhou. – Certo. Rindo de quê agora?
Eu: É que isso fica tão vago.
Sophia: Idiota.
Eu: Você tem cara de directioner.
Sophia: SÉRIO? EU AMO ELES!
Eu: Ok, escandalosa. – comecei a rir. – Eu também gosto. Amo os meninos.
Sophia: Só não roube o meu marido.
Eu: Quem?
Sophia: Zayn, ué. – eu dei uma risada abafada, e levei a mão até a boca. – O que foi agora?
Eu: E quando ele vai saber que é seu marido?
Sophia: Vai pro inferno, SeuNome.
Eu: Com muito prazer. – Ela riu e me empurrou. – É tão quentinho, ta ótimo pra mim.
Sophia: Você não é tão bronzeada como eu pensei que os brasileiros fossem.
Eu: Já começou o Bullying. – falei rindo.
Sophia: Me desculpa.
Eu: Certo. Você deve saber que a única cor que eu ganho quando vou a praia é a sexy cor de um camarão. – ela começou a rir – Não ria, é sério.
Sophia: Tudo bem. Vou tentar me lembrar. – Eu dei uma risada rápida e baixa antes de voltar minha atenção para o pedaço de torta.

O vôo foi muito mais agradável do que eu pensei que seria. Reparti algumas coisas com a Sophy – viu só? Já estou chamando ela assim. – que parecia morta de fome, só deixou a salvo a minha barra de chocolate, expliquei pra ela que eu não gostava de dividir chocolate. Conversamos sobre diversas coisas, era como se nós sempre fossemos amigas, simples assim. Tínhamos manias e gostos bem parecidos, apesar de sermos de lugares completamente diferentes. Ela me contou que a vida dela não era muito fácil, que desde criança sofria abusos do seu pai, que a maltratava, por isso ela havia se mudado. Me contou também que uma vez, seu pai a derrubou da escada, e ela precisou ir pro hospital com um braço quebrado. Aos poucos fui a conhecendo mais, afinal, seriam em torno de seis horas juntas. Conversamos muito, mas no final o assunto que mais predominava era em relação à One Direction. Contávamos o quanto sonhávamos em conhecê-los, e ela disse que uma vez chegou a ver uma multidão gritar por eles, mas não conseguiu chegar a tempo.
Sophia: Não acredito que você viajou com esse violão ai.
Eu: Teddy não fica sozinho muito tempo.
Sophia: Teddy?
Eu: Meu violão.
Sophia: Você deu um nome pro seu violão?
Eu: Qual o problema? Ele precisa de uma identidade própria.
Sophia: E você de ajuda psicológica.
Eu: Não escute ela, Teddy. - Ela apenas riu e se calou.
Sophia: Você também parece ter problemas familiares. – ela falou quebrando o gelo e eu apenas sorri – acertei?
Eu: Pois é.
Sophia: Seu olhar emite sofrimento e insegurança, sabia disso?
Eu: É o que eu sinto no momento. – falei lembrando da SMS que havia recebido pela noite.
Sophia: E porque se sente insegura?
Eu: Tive problemas com a minha mãe. Problema com amigos. Problemas com a minha vida. – não era bem uma mentira.
Sophia: É por isso que se corta?
Eu: O quê? – olhei para as mãos e meus pulsos estavam à amostra, dava para ver marcas que saravam, mas ainda pareciam recentes, eu havia tirado o casaco. Rapidamente o vesti.
Sophia: Existem outras formas de aliviar.
Eu: Não fale como se soubesse pelo que eu passei.
Sophia: Tudo bem. – ela retirou as pulseiras e me mostrou as marcas de cortes, minha boca se abriu em um perfeito “O” – Eu entendo. Sei o prazer que isso passa. Mas eu fui parar no hospital uma vez. Um psicólogo me aconselhou uma coisa que funcionou.
Eu:O que?
Sophia: Tem uma caneta aí? – eu a entreguei e ela pegou da minha mão. – Licença. – ela falou enquanto desenhava nos meus pulsos com certa paciência, acho que ela tinha medo de me machucar.
Eu: O que está fazendo?
Sophia: Espera. – ela falou enquanto terminava o segundo e então eu vi.
Eu: Borboletas?
Sophia: Sim.
Eu: Não entendi.
Sophia: Quando você sentir vontade de se cortar de novo, você vai pegar esta caneta, - ela me devolveu a caneta – e vai desenhar uma borboleta onde queria se cortar. Eu desenhei a sua pra lhe desejar boa sorte.
Eu: Ainda não entendi.
Sophia: Calma. Se você se cortar antes da borboleta ter ido embora, quer dizer que você a matou. – eu engoli em seco – Se ela for embora sozinha, quer dizer que ela viveu.
Eu: E se eu matar alguma?
Sophia: Qualquer outro ferimento irá matar as demais. – Fiquei um bom tempo encarando as borboletas, até que Sophy resolveu quebrar o gelo. – Londres é fantástica.
Eu: Há quanto tempo mora em Londres? – meu tom de voz era baixo.
Sophia: Acho que há uns dois anos.
Eu: Acho que to ficando com fome.
Sophia: Cruzes, você comeu mais do que devia, como pode ainda sentir fome?
Eu: Eu? Você devorou quase tudo.
Sophia: Você comeu sozinha um saco de batatas e uma torta.
Eu: Mas é pouco.
Sophia: Impossível..
Eu: NÃO É!
Sophia: Você é muito escandalosa.
Eu: Já me falaram isso. – falei rindo.
Sophia: Uma escandalosa e com um violão dentro de um avião, isso realmente chama atenção.
Eu: Onde você trabalha? – perguntei mudando o assunto.
Sophia: Grilled Chicken. (Eu inventei -k)
Eu: Parece bom.
Sophia: A comida é fantástica, mas eu sou apenas a garçonete.
Eu: Ué, o que tem demais nisso? Fui garçonete em uma sorveteria enorme, há alguns anos.
Sophia: Sério?
Eu: Pode apostar.
Sophia: E tipo.. Você não derrubava a bandeja?
Eu: Você não estava lá pra mim te acertar. – ela apenas riu.
Sophia: Como se você pudesse fazer isso.
Eu: Calada menina gambá.
Sophia: Quer parar? – ela falou rindo.
Eu: Tudo bem, parei. – falei enquanto olhava o meu reflexo na janela do avião.
Sophia: O que você ta olhando? – ela perguntou colocando a cabeça pro lado, na intenção de ver algo.
Eu: Nada, ué. – Estava refletindo. Eu estava com uma aparência tão abatida. Tão.. Sofrida. Acho que foi a primeira vez que eu senti pena de mim mesma.
Sophia: Olha, porque não se casa com seu reflexo?
Eu: Casaria, se fosse legalmente possível. – Ela fez uma careta e eu comecei a rir.
Sophia: Você é estranha.
Eu: Ainda não me viu conversando com batatas.
Sophia: Me poupe desse trauma. – eu a empurrei e nós rimos. 
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28 comentários:

  1. Posta maiss!! posta hoje por favor!!

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  2. Você é uma escritora incrivel
    Coontinua estou muito curiosa
    BJSS

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  3. Estou seem palavras Voc ée uma escritora incrivelmente incrivel, Sua Fic ta Super Hiper Mega Ultra Blaster D+++ Keroo Maiss!!!
    Bjokaass *=)

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  4. flor, tem como vc identificar quem ta falando?? é q eu fiquei um pouco confusa!!!
    mas a sua fic ta perfeita, continuuuaaa!!! malikisses and horanhugs

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  5. Maanu, minha mãe ta achando que eu sou louca de ficar soltando gargalhadas em frente ao pc. EU RI MUUUUITO COM ESSE CAPITULO. E ta perfeito <3

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  6. continuaa,tá mto legal,mas eu concordo com o Anonimo ai,tem como identificar quem fala?Obrigadaa! :3

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    1. Prontinho. Espero que agora fique melhor. Obg. *-*

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  7. perfeito, ri muito com esse cap
    posta logo a parte 2 tá???
    VC É UMA ESCRITORA FANTÁSTICA!!
    Malikisses

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  8. Oie, esta perfeito, eu meio que me indentifico muito com a personagem, no fato dos cortes, problemas com a minha mae, e na personalidade; voltando a fic, esta otima, vc escreve perfeitamente bem. Poste logo, to muito ansiosa

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  9. estou AMANDO kk vc escreve mt bem <33

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  10. Uuou, vc tem futuro com palavras! Congrats, soo perfect!

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  11. Ta liamdo d+!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Please continua logo!!!!!!! :))

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  12. cara eu to amando!!!parabéns você tem talento! rs

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  13. Tô amando demaiiiiis vei, posta logo! Acho que vai dar briga entre a Sophia e a SeuNome por causa do Zayn né?

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  14. ameiiii!!!Como vc adivinhouq eu soo maluquinha desse jeito(to falando serio um dia desses eu tava comendo uva no mercado e eu não tinha comprado a uva)rsrs adoreiii ter uma super nova amiga na fictin continuaaaa
    by:Duda

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  15. Hahahahahaha, achieve que toda adolescents é um pouco estranha, e isso é normal eu acho, bom eu to amando... Ta ficando muito bom :))

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  16. é super O QUEEE? sorry i don't uandarstendio ( ó meu ingres kkkkkk) tbm faço fics (imagines)mas n tenho blog pra posta eu sei que se fala ingles era só pra zoa kkkkkk i'm CRAZY, SÓ FALEI MERDA AKI

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  17. muito legal posta rapidinho okay

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  18. es aorando tdinhuu mesmo!!!
    Malikisses!

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  19. PERFEITOOOOOO AMEIII ri mtoooo com o dialogo das duas kkkkkkk mais ameiii tudo vc é perfeita OTIMA escritora ::)) thatty xx

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  20. muito emocionante sua fic adorei legal demais

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  21. Ameii muito legal, ri muito com o dialogo da Seu Nome e da Sophi eu também converso com batatas e nunca paro de comer comidas variadas

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  22. ameeeei fic perfeita só nao entendi uma coisa o zayn vai ficar com a s/n ou com a sophia???

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